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Parceria Moinhos 2023

Seleção de Parceria Moinhos 2023

Conheça os perfis selecionados para a parceria com a editora durante este ano.

Em abril, a Moinhos voltou a abrir seleção para parceria de produtores de conteúdo literário na internet e hoje é o dia de conhecer quais são os perfis que farão parte de nosso time durante todo o ano de 2023.

Foi uma surpresa imensa quando vimos tantos trabalhos inscritos, todos muito lindos, e notamos que tínhamos um desafio pela frente: selecionar apenas alguns devido ao número limitado de vagas.

Depois de muito analisar, de ler cada resposta àquela “pergunta chata” com carinho e ver o quão dedicada cada pessoa é com seu trabalho e amor à literatura em toda sua diversidade, chegamos aos perfis selecionados que farão parte do time de parceria da Moinhos neste ano.

Conheça os perfis (e as pessoas por trás deles) na lista abaixo. Mas antes, queremos agradecer a cada inscrito pelo interesse em levar a Moinhos a mais cantos e parabenizar por cada projeto apresentado. Realmente foi um trabalho difícil selecionar apenas alguns.

Aêgla Benevides – Instagram: https://www.instagram.com/inlibriveritas |

Alex Zani – Blog: https://faziapoesia.com.br | Instagram: https://www.instagram.com/faziapoesia | Twitter: https://twitter.com/faziapoesia

Alexandre de Almeida – Instagram: instagram.com/estantedoale | Twitter: twitter.com/estantedoale

Ana Claudia Lôbo Leão Munhoz – Facebook: www.Facebook.com.br/foconaleiturabsb | Twitch: www.Twitch.tv/CauMunhoz | Instagram: www.Instagram.com/caumunhoz | Twitter: www.Twitter.com/caumunhoz

André Pimenta Mota – TikTok: http://tiktok.com/@arboreoliterario | Instagram: https://www.instagram.com/arboreoliterario

Beatriz Quaresma de Souza – Instagram: https://instagram.com/latinohablante

Bianca Santos Oliveira – Instagram: https://instagram.com/lendonegres

Bruno Damien da Costa Paes Jürgensen – Podcast: https://open.spotify.com/show/3ivsAR0hdub2EQF5SRitEj?si=7221530f698445cd | Instagram: https://www.instagram.com/damienjurgensen

Catharina Regina Mattavelli Costa Rivellino – Instagram: https://www.instagram.com/catharinamattavelli

Danielly Cardoso Pacheco – Instagram: https://instagram.com/mulherdoslivros

Dayane Suelen de Lima Neves – Instagram: https://www.instagram.com/daylneves

Elaine Trevizan de Souza – Blog: https://projetodeescritora.art.blog | Twitch: https://twitch.tv/naneverso | YouTube: https://youtube.com/c/naneverso | Instagram: https://instagram.com/et.revizan

Emili Fano Fernandes – YouTube: https://youtube.com/@emilifano-genteliteraria4709 | Instagram: https://instagram.com/genteliteraria

Fernanda Camilo Prates – Blog: http://modoliterario.blogspot.com | Instagram: http://www.instagram.com/blog.modoliterario

Gabriela Gomes – YouTube: Youtube.com/entreprologoseepilogos | Instagram: Instagram.com/ggabsggomes | Twitter: Twitter.com/ggabsggomes

Gabriela Pimenta – Instagram: https://www.instagram.com/aspasliteraria/ | Twitter: https://twitter.com/AspasLiteraria

Gean César dos Santos Nogueira – Instagram: https://www.instagram.com/epitomeliteraria

Gisele Karine Oliveira Angelo – YouTube: https://youtube.com/@enquantoissoleio | Instagram: https://instagram.com/enquantoissoleio

Gleyce Gabrielly Marques – YouTube: https://www.youtube.com/@RetratodaLeitora | Instagram: https://www.instagram.com/retratodaleitora

Humberto Conzo Junior – Facebook: https://www.facebook.com/groups/clubedeliteraturabrasileiracontemporanea | Blog: www.primeiraprateleira.com | YouTube: www.youtube.com/c/humbertoconzojunior | Instagram: https://www.instagram.com/primeira_prateleira

Indira Souza Santos Lima – Instagram: https://www.instagram.com/indirareads

Isa Maria Marques de Oliveira – Facebook: www.facebook.com/corujadasletras | Blog: https://www.casavamosler.blog/profile/corujadasletras/profile | Instagram: https://www.instagram.com/corujadasletras

Isaias Gonçalves Ferreira Lima – Instagram: https://instagram.com/livrobakana

Jaqueline Schmitt da Silva – Blog: https://jaquelineschmitt.medium.com | YouTube: https://www.youtube.com/@jaquelineschmitt | Instagram: https://instagram.com/jaquelivros | Twitter: https://twitter.com/jaqueschmitt_

Jéssica Vaz de Mattos – YouTube: https://www.youtube.com/jessicamattos | Instagram: https://www.instagram.com/jessicavmattos

Juliana Costa Cunha – Instagram: https://www.instagram.com/coisasqueleio |

Letícia Ferreira Rodrigues – Instagram: https://www.instagram.com/entrelinhaspretas

Lili Pereira da Silva – Instagram: https://www.instagram.com/thedarksideofrainbow

Lucas Carvalho de Freitas – Blog: https://diariodeleituradolucas.blogspot.com/?m=1 | YouTube: https://youtube.com/@diariodeleituras | Instagram: https://instagram.com/lucascafre

Luis Claudio Ferreira Silva (Luigi Ricciardi) – YouTube: https://youtube.com/@acropolerevisitada5447 | Instagram: https://instagram.com/acropolerevisitada

Lurdes Kras – Instagram: www.instagram.com/bibliotecainquieta

Marcelle de Saboya Ravanelli – Instagram: https://www.instagram.com/leiturasdimacondo

Maria Neide Leite de Aquino Tavares – Instagram: https://instagram.com/umlivro_umaviagem

Mariana Ferreira Antero Lichy – Instagram: https://www.instagram.com/livros_do_saturno

Marilú Medrado Barreto – Instagram: https://www.instagram.com/_compartilhandosaberes

Matheus Lima – Instagram: https://www.instagram.com/desleitor

Michael Oliveira e Raphael Sales – Instagram: https://www.instagram.com/alegrias.violentas

Monick Miranda Tavares – Instagram: www.instagram.com/literoamericanos

Nádya Helena Macário – Facebook: https://www.facebook.com/livroincena | Instagram: https://www.instagram.com/livroincena

Niége Casarini Rafael – Instagram: https://www.instagram.com/niegecr | Twitter: https://twitter.com/niegecr

Noemia Francisca de Souza – Instagram: https://instagram.com/estante_da_no

Paulo Fonsêcà Marinho Júnior – Instagram: https://www.instagram.com/literaturaemcores

Paulo Lannes – Instagram: https://www.instagram.com/lendoarte

Pilar Lago e Lousa – Blog: https://vertebralatina.blogspot.com | Instagram: https://www.instagram.com/vertebralatina

Rafael Lutty Vilhena da Silva – Instagram: https://www.instagram.com/pseudomatico

Rafael Mussolini Silvestre – Blog: https://rafamussolini.blogspot.com | Instagram: https://www.instagram.com/rafaelmussolini

Rafaela Germano Martins – Facebook: https://www.facebook.com/MulheresNoHorror | Blog: https://www.mulheresnohorror.com | Instagram: https://www.instagram.com/mulheres.no.horror

Rafhael Peixoto Teixeira – Instagram: https://www.instagram.com/literaturanograu

Raissa Tainá Carvalho de SantanaYouTube: https://youtube.com/@leiturasdeboteco | https://instagram.com/leiturasdeboteco

Rodrigo Villela Pereira – YouTube: https://www.youtube.com/@RodrigoVillelaLeiaparaViver | Instagram: https://www.instagram.com/leiaparaviver

Rosângela Nascimento Gomes Machado – Instagram: https://www.instagram.com/rodeletras

Simone Soares – Facebook: https://www.facebook.com/feravellareventos | Blog: https://feravellar.blogspot.com | Instagram: https://www.instagram.com/simone_soares_eventos

Stephanie Sandim Reis – TikTok: http://tiktok.com/@papeandosteh | Instagram: https://instagram.com/papeandosteh

Tarcila Tanhã – YouTube: https://youtube.com/@vratata | Instagram: https://www.instagram.com/vra_tata

Tathiane Rodrigues de Souza – Facebook: Facebook.com/doidosporserieselivros1 | Blog: Doidosporserieselivros.blogspot.com.br | Instagram: Instagram.com/doidosporserieselivros

Tatiana de Aquino Mascarenhas – Instagram: https://www.instagram.com/nacontracapa

Thaise Gonçalves Dias – YouTube: https://youtube.com/@literaturasemfrescura | Instagram: https://www.intagram.com/realidadeliteral

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Para aplaudir de pé neste fim de ano

Livros arrebatadores para você encerrar 2022 com chave de ouro.

Tem gente que gosta de contabilizar as leituras feitas durante todo o ano. Tem quem goste de fazer algo mais elaborado, com infográficos para saber quantos livros leu de determinado país, gênero literário ou de quem escreveu o livro. Ainda existem aqueles e aquelas que contam a quantidade de páginas lidas. No final das contas, o que vale é se as leituras foram boas, bem aproveitadas, fizeram alguma diferença na nossa vida, seja pelo soco no estômago, seja pelo quentinho no coração.

Eis que vem o fim do ano queremos ler AQUELE livro, que feche tudo com chave do ouro, que ao virar a última página nos faça aplaudir a obra de pé, com um ar de “caramba, que livro é esse?!”. Tão boa essa sensação, não?

Livros existem aos montes e talvez o arrebatamento venha de um livro que você menos espera. Mas como saber que livro é esse? Há algumas alternativas: você pode escolher às cegas para ver se a obra te surpreende; você pode se atrair pela capa; você ainda pode levar em conta indicações de pessoas em quem você confia quanto a gosto literária. É aí que a gente entra!

Você confia na Moinhos? Se a resposta é sim, vamos deixar aqui algumas dicas de livros que podem te surpreender, extasiar e fazer com que aplauda de pé depois de ter lido a última frase. Isso não falamos apenas por nós! São livro que, quem leu, não mede palavras para exaltar (sem exagero nenhum). E tem para todos os gostos e estilos, confere aqui a lista:


Todo esse amor que inventamos para nós, de Raimundo Neto

Neste volume de contos as vozes são muitas e uma só. Construído numa linguagem poética, é na vida prosaica que os personagens circulam como diante de nossos olhos. Encarnados, pulsantes, naturezas que não cabem nos nomes que recebem. No universo onde a homossexualidade é castrada e violentada, as narrativas encaminham nossa leitura para o interior de necessidades e desejos que raramente são tão bem iluminados. Conduzem o leitor ao interior dos personagens para ouvir “aquele som de caverna esvaziada, inexplorada, e fogueira apagada há milênios”. Os personagens procuram costurar a própria identidade. Costuram o que foi rasgado, rompido, interrompido. Querem ser chamados pelo nome. Mas o nome não nomeia. O trauma prende seus protagonistas ao presente, “o tempo é questão de ferida”, tornando-se insuportável. Neste potente livro o que é limite torna-se limiar, a ferida está sempre prestes a aumentar. A obra investiga a casa como um corpo, o corpo da mãe e o corpo do mundo, o quanto esse corpo é vivo e abrigo, e o quanto ele é a câmara que precede o desfazimento. “Como é que escapa de uma mulher todo esse amor que inventamos para nós na casa?”.

Andréa Del Fuego


Kramp, de María José Ferrada
(tradução de Silvia Massimini Felix)

Unidos por um catálogo de produtos de serralheria da marca Kramp e viagens num Renault velho por estradas, povoados e cidades, uma filha cresce ao lado de seu pai, caixeiro-viajante, a aprender ensinamentos sobre o mundo e vida. Da infância à adolescência, M narra seus aprendizados e o correr dos anos, até o evento que marca uma ruptura na família, acionando o dispositivo dos sintomas parentais e outras rupturas e mais questionamentos sobre o universo e as peças que não se encaixam, as dores desparafusadas que se acumulam, e o revelar das engrenagens discretas do afeto rangendo no crescer da sua maturidade.

Livro vencedor do Prêmio de Melhor Romance do Círculo de Críticos de Arte, do Prêmio de Melhores Obras do Ministério da Cultura (categoria romance) e do Prêmio Municipal de Literatura em Santiago.


As aventuras da China Iron, de Gabriela Cabezón Cámara
(tradução de Silvia Massimini Felix)

“Foi o brilho”, assim começa As aventuras da China Iron. A história conta o renascer de Iron, mulher mestiça que escapa do marido acompanhada da cadela Estreya. Elas encontram Liz, uma inglesa com quem cruzarão a pampa argentina rumo ao delta do rio Paraná. Tudo nesta narrativa é intensificado sob a luz pampeana: cores, saberes-sabores, o amor lésbio, a linguagem prismática e a comunicação interespécies.

A paródia do Martín Fierro, livro fundador da literatura argentina, alcança aqui seu princípio modernizador: uma relação dialética faz do modelo um antimodelo ao criar sentidos textuais novos e muito além da imitação.

Em 2020 esteve entre os finalistas do International Booker Prize.

Davis Diniz


Todo naufrágio é também um lugar de chegada, de Marco Severo

Não existe transformação possível se a travessia for serena. É o que parece nos dizer esta obra de Marco Severo que você pode estar prestes a ler. Em cada conto, em cada personagem, situações colocam o ser humano confrontado com o mundo à sua volta e consigo mesmo. Reunidas nestas vinte histórias estão o medo, a loucura, a infância amarga, a velhice decrépita, a desesperança, a morte. Mas não só, porque falar dessas coisas é também tratar do seu oposto.

É assim que o leitor entrará em contato com a paz advinda do aprendizado amoroso, as descobertas dos muitos eus que nos habitam, o recomeço após perdas debilitantes, a esperança que não se perde nunca. São histórias de homens e mulheres soltos no inescapável labirinto da vida, por onde ninguém passa incólume. Para além do devir inerente ao ser humano em sua imensa capacidade de mutação, esta obra perfaz no leitor o trajeto de volta, o olhar generoso para com as vivências possíveis, a delicadeza que existe em cada gesto.


Sara Luna, de Tom Maver
(tradução de Fernando Miranda)

Sara Luna, de Tom Maver, é muito mais do que um livro de poesia. É uma história. É uma pessoa, uma mulher, uma senhora de idade, uma avó. É também um caminho que o sujeito lírico busca encontrar porque precisa saber de suas raízes, por quais veredas sua ancestralidade andou e de onde vieram aqueles que lhes puseram no mundo. Em tudo, há um ponto de partida, sabemos que nem sempre de chegada, mas aqui, em Sara Luna, ou em Sara Luna, há um fim, ou um fim possível. A voz que nos conta as histórias, por meio dos poemas que Tom Maver escreveu, nos faz ficar de cócoras, ao lado do fogo sob o céu estrelado, ouvindo histórias de alguém antigo, que fala uma língua que já não se escuta, já não se conhece.


O poeta de Pondichéry, de Adília Lopes

Diderot (ou quem fala por ele em Jacques le Fataliste) recebe um jovem que escreve versos. Acha os versos maus e diz ao jovem que ele há-de fazer sempre maus versos. Diderot preocupa-se com a fortuna do mau poeta. Pergunta-lhe se tem pais e o que fazem. Os pais são joalheiros. Aconselha-o a partir para Pondichéry e a enriquecer lá. E a que sobretudo não publique os versos. Doze anos mais tarde o poeta volta a encontrar-se com Diderot. Enriqueceu em Pondichéry (juntou 100 000 francos) e continua a escrever maus versos.

Porque é que o mau poeta deve ir para Pondichéry e não para outro lugar? Porque é que os seus pais são joalheiros? Porque é que juntou 100 000 francos?   E porque é que passou doze anos em Pondichéry? Não sei explicar. O que me atrai é precisamente isto: Pondichéry, pais joalheiros, 100 000 francos, doze anos.


Estes são apenas alguns dos livros do nosso catálogo que têm o poder de impactar de diversas formas e, quem sabe, vão fazer você finalizar o ano com um novo favorito da vida. Ah, todos eles estão disponíveis em e-book, você pode adquirir na nossa livraria online e começar a ler na hora. O que acha?

Clique aqui para acessar a livraria online da Moinhos.

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O horizonte inalcançável em obra de Margarita García Robayo

Emigração latina, negação das raízes e o contraste entre sonho e realidade em “Até que passe um furacão”, primeiro romance da escritora colombiana publicado no Brasil

“Sonhar não custa nada”, já diria o ditado popular que se tornou parte de um samba-enredo. A questão é saber o quanto custa para realizar um sonho – financeira, física e psicologicamente –, se esse for o real objetivo. Qual é o preço a se pagar para chegar onde deseja? O quanto de si é preciso doar para alcançar o objetivo traçado? Vale a pena passar por cima de tudo e de todos para conquistar o que tanto sonha?

Perguntas desse tipo quase sempre passam pela cabeça de quem quer algo novo na vida. Pesar os prós e os contras é um dos primeiros passos para quem planeja uma mudança. Porém, nem sempre é a regra, ainda mais ao se tratar de uma mudança radical de vida por insatisfação ou desgosto com a atual situação em que se encontra. Buscar os meios disponíveis e criar os indisponíveis para conseguir chegar no destino traçado requer esforço, força de vontade e persistência. Há quem consiga, com certo mérito, e se torne um exemplo a seguir. Há quem não tenha tanta paciência para enfrentar as pedras no caminho e escolha um desvio supostamente mais fácil, mas que traz consequências percebidas no corpo e na alma e questionadas com o tempo.

Dilemas que fazem parte da vida de toda gente, mas que são constantes para quem vive nas periferias ou naquele lugar que não é nem uma coisa nem outra, um meio indefinido que suplica por definição, dispostas a negar suas origens para chegar onde almeja. Ouvimos (e vemos) muito sobre essa realidade na América Latina, e é o que encontramos em Até que passe um furacão, primeiro romance de Margarita García Robayo, escritora colombiana radicada na Argentina, primeiro a ser publicado no Brasil pela Editora Moinhos.

Narrativas breves, impacto permanente

Nada contra textos longos, ricos em detalhes que nos fazem imaginar cenários existentes e inventados à perfeição como se já tivéssemos estado no lugar. Obras assim são fascinantes, mas é de se aplaudir quando alguém consegue o mesmo feito escrevendo de forma sucinta. Textos curtos nem sempre são sinônimos de textos simplórios, sem corpo, sem “sustância”. E na arte de escrever pouco e impactar muito Margarita García Robayo tira de letra.

Nascida em Cartagena em 1980, a escritora partiu de sua terra natal pouco depois de completar 18 anos e, desde 2004, mora em Buenos Aires. Tanto na Colômbia quanto na Argentina, Robayo escreveu para mídias físicas e digitais, como o blog Sudaquia: historias de América Latina, do jornal argentino Clarín; a coluna La cuidad de la fúria, no diário Critica de la Argentina; um periódico na revista colombiana Soho; e o folhetim Mi vida y yo, na Revista C, usando o pseudônimo Carolina Balducci. A escritora também já foi professora na Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano (instituição criada por Gabriel García Márquez) e diretora da Fundación Tomás Eloy Martínez.

Habituada a textos curtos, Margarita transmite uma essência encorpada aos relatos feitos em crônicas, contos, ensaios e novelas, qualidade reconhecida e premiada internacionalmente. Publicou os livros de contos Hay ciertas cosas que una no puede hacer descalza (2009), Las personas normales son muy raras (2011), Orquídeas (2012) e Cosas peores (2014), este último agraciado com o prêmio Casa de las Américas. Entre as novelas, estão Hasta que pase un huracán (2012), Lo que no aprendí (2013), Tiempo muerto (2017) e Educación Sexual, que foi publicada de forma fracionada entre os números 114 e 119 da revista Piauí (2020). No Brasil, participou da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Bahia, 2018) e teve o ensaio El Mar publicado na 7ª edição da revista Puñado (editora Incompleta, 2021). No cenário além América, a Charco Press lançou no Reino Unido a coleção Fish soup e o romance Holiday heart, ambos premiados com o PEN Awards.

Agora, pela primeira vez publicado na íntegra, o romance Até que passe um furacão chega em terras brasileiras pela Editora Moinhos, com tradução de Sílvia Massimini Felix, obra em que Robayo prova que “menos é mais” e coloca intensidade na medida certa para acertar pontos vitais da realidade latino-americana, como uma acupunturista que não sana as dores, mas as releva ao falar da busca por um sonho que, por vezes, não passa de uma quimera.

Sonho realizável ou utopia coletiva?

A história da América Latina se confunde entre os países. Todos compartilham de dois lados: o cartão postal onde os turistas ostentam fotos e esbanjam dólares, locais bem estruturados e bem financiados, onde os sorrisos se manifestam; e o lado da realidade da grande maioria que vive à beira dos cartões postais, em meio a descaso social, infraestrutura negligenciada e ostentando um imenso desejo de fugir. A fuga se torna o único meio para que as coisas melhorem e é esse desejo de fuga que sente a protagonista de Até que passe um furacão, primeiro romance de Margarita García Robayo.

A jovem não nomeada narra sua vida como residente da costa do Caribe colombiano, destino turístico para tantos, lugar indesejado por ela. Sua vontade é ser estrangeira, partir do país de origem, renegar seu passado e viver o sonho americano, um clichê latino-americano tão visado a ponto de as pessoas se sujeitarem ao que for necessário, desde travessias perigosas até a entrada ilegal na América do Norte e um compromisso romântico ao estilo 90 Dias para Casar (reality show do canal TLC/Discovey) para garantir o green card.

A protagonista de Robayo está disposta a usar todos os artifícios de que possui para conquistar seu sonho e nos conta a sua vivência em um bairro que alaga em dias de chuva intensa e deixa o barro que é carregado pelas botas para dentro de casa. Ela não quer o comodismo dos pais que não fazem questão sair de onde estão; ela quer se mover, correr atrás de seus objetivos e ter tudo o que acredita merecer. E aprendeu desde muito nova como conseguir, por abusos sofridos e mal percebidos por não ter quem os denunciasse a ela.

Dentre várias tentativas, ser comissária de bordo foi um meio que conseguiu de sair do solo e voar ao país tão cobiçado, conhecer pessoas influentes (ainda que de forma duvidosa), apaixonar-se, querer mais e, enfim, dar-se conta de que, onde quer que esteja, a realidade se difere daquilo que está na nossa cabeça. Não existe um mundo encantado e repleto de oportunidades promissoras. Há dores, há tédio e há a eterna sensação de que “o movimento é uma ilusão”. O sentimento de não pertencimento nem sempre desaparece com a conquista do objetivo, ele fica estagnado tanto quanto se não tivesse saído do lugar, como se esperasse o furacão passar. E ele nunca passa.

Com objetividade, crueza um toque niilista, Margarita García Robayo nos entrega uma obra que conversa com a realidade do lado de baixo do nosso continente, abordando temas sociais, políticos e pessoais inerentes à América Latina, assim como reflexões intimistas que revelam o abandono, a violência e desdém destinado à nossa gente, em especial aos que vivem de forma mais vulnerável, na pobreza ou que dela beiram.

Cirúrgica em todos os pontos, a escritora colombiana coloca em poucas páginas uma imensidão de acontecimentos com a promessa de impacto. E o impacto realmente vem!

Um dos últimos lançamentos da Moinhos de 2022, Até que passe um furacão é a garantia de uma leitura rápida, porém impressionante, carregada da força da escrita elogiada de Margarita García Robayo, uma das mais proeminentes vozes da literatura latino-americana.

Conheça Até que passe um furacão clicando aqui!