Cotidiano
Talvez haja um traço que defina a escritura de Travacio como nenhum outro: esse traço é a angústia. E se essa angústia se volta onipresente para os seus personagens, não é porque eles distorcem a realidade, muito pelo contrário: é porque aninham em cada gesto, em cada movimento, o silencioso fluir do cotidiano.
José Maria Brindisi
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Dados técnicos
Sobre o livro
O mundo não acaba com um estrondo, já sabemos por T.S. Eliot. Mas de que trama é feita esse gemido que às vezes é um final, a dissolução de algo, e às vezes é só um rumor, um ronronar interno que reverbera em cada esquina da mente e não nos deixa respirar?
Os contos, as vozes de Mariana Travacio transitam por esse limite estreito, cuja única escapatória parece se materializar nas duas caras da mesma moeda: a loucura e o esquecimento, últimas estações de uma viagem que com frequência apenas se inicia. A distância e estranheza dessas vozes as tornam perigosas; exageradamente controladas, se fundem, contudo, no exagero sem perceberem, como se retardassem algo que pode vir a resultar em uma fatalidade.
Talvez haja um traço que defina a escritura de Travacio como nenhum outro: esse traço é a angústia. E se essa angústia se volta onipresente para os seus personagens, não é porque eles distorcem a realidade, muito pelo contrário: é porque aninham em cada gesto, em cada movimento, o silencioso fluir do cotidiano.
José Maria Brindisi
Sobre a autora Mariana Travacio
Mariana Travacio nasceu em Rosário, cresceu em São Paulo e atualmente reside em Buenos Aires. Ela é formada em psicologia pela Universidade de Buenos Aires, é mestre em Escrita Criativa pela Universidade Nacional de Tres de Febrero e tradutora de francês e português. Foi professora da Cadeira de Psicologia Forense da Faculdade de Psicologia da UBA. Suas histórias receberam inúmeros prêmios nacionais e internacionais e tem publicações em revistas e antologias no Brasil, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Uruguai.
É autora dos livros, Manual de Psicología Forense (1996), Como si existiese el perdón (2016), Cenizas de carnaval (2018) e Cotidiano (2015), sendo este um livro de contos e que agora é publicado, pela primeira vez, pela Editora Moinhos no Brasil.