Tiago Germano

Tiago Germano é autor do volume de contos Catálogo de Pequenas Espécies (2021) e da coletânea de crônicas Demônios Domésticos (2017), indicada ao Jabuti. Pela Moinhos, o autor publicou o romance A Mulher Faminta (2018), sua estreia no gênero. É escritor e jornalista, com doutorado em escrita criativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e estágio na School of Drama and Creative Writing da University of East Anglia, na Inglaterra, por onde passaram nomes como Kazuo Ishiguro e Ian McEwan. Nasceu em Picuí, no interior da Paraíba, e mora atualmente na capital, João Pessoa, onde é cofundador da Edícula Literária.

  • O que pesa no Norte

    O que pesa no Norte é uma narrativa sobre os valores e os arbítrios da classe média brasileira, especialmente a do Nordeste. Uma narrativa que põe o dedo na ferida de práticas que perduram, que passam de geração a geração, projetando para o presente valores de um passado patriarcal.

    A busca de Ricardo por Guilherme, indo da Paraíba para São Paulo atrás de resgatar para o núcleo familiar o seu filho que “se perdeu”, é dramática. Ricardo, um pai autoritário, áspero, com a sua carga de valores, é de fato um peso para a família, especialmente para o filho Guilherme. Estudante de direito, Guilherme quebra as expectativas paternas quando resolve optar pelas artes cênicas. Ana, a esposa de Ricardo, tem valores opostos aos do marido – é afetiva, protetora dos filhos. E foi sendo moldada por Ricardo para cumprir o papel que cabe à mulher no núcleo patriarcal – o de dona de casa, cuidadora da prole. Gustavo, o outro filho do casal, é desde cedo mais “macho” do que Guilherme, e mais afinado com os valores de Ricardo – e por isso não sofre os preconceitos e punições do pai.

    Ricardo é fúria e afeto. É um personagem triste. E sua tristeza não vem apenas do fato de as escolhas de Guilherme o constrangerem – mas pelo fato de Ricardo, à sua maneira, amar o filho, e ir e fazer o que faz pelo filho perdido na grande cidade. De ir à procura do filho que não é prodigo. Pródigo é o pai, o seu gesto de buscar como buscou o filho que está no Inferno.

    O que pesa no Norte é um livro comovente. De um belo e comovente desfecho. Que lança os seus personagens numa existência dilacerada, num desencontro insuperável, incontornável.

    Rinaldo de Fernandes

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  • A mulher faminta

    “O que é cada mulher que amamos, cada relacionamento que vivemos, senão um morto-vivo, a viver-morrer cada vez que chega ao fim?” A pergunta ecoa de personagem para narrador neste romance, uma história de amor que vai ganhando ares de thriller à medida que conhecemos Mayra e Lorna, antípodas femininas na trajetória de um herói tão mórbido e anônimo quanto os seus obituários, publicados diariamente nas páginas de um pequeno jornal. Como em Alan Pauls, referência que se anuncia já na epígrafe do livro, o amor aqui é uma afecção, um pesadelo que transformará para sempre as vidas desses três personagens. E nada impedirá o passado de retornar em looping, feito o filme de zumbi que se repete infinitamente no apartamento onde, também já sabemos de entrada, há alguém morto escondido. Em A mulher faminta, camadas de ficção se sobrepõem numa narrativa que expõe ainda o atordoamento de uma geração diante da liquidez de sua época – a liquidez, talvez, do próprio amor: essa cólera que também floresce em tempos de apatia.

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