Raimundo Neto

Raimundo Neto é psicólogo e trabalha no Tribunal de Justiça de São Paulo. Publicou Todo esse amor que inventamos para nós (Prêmio Paraná de Literatura), pela Moinhos. Nasceu no Piauí, em Batalha, em 1982. Foi um dos convidados do evento literário Printemps Littéraire Brésilien que aconteceu na França, em 2019. Participou da Antologia A resistência dos vagalumes (Editora Nós), Catuá – Antologia de autores Piauienses e Pandemônio – nove narrativas entre Berlim e São Paulo. Integrou, em 2020, a coletânea de contos Feliz Aniversário, Clarice!, da editora Autêntica, em homenagem ao Centenário de nascimento de Clarice Lispector. Mora em São Paulo.

  • Nasci sem um caminho de volta

    Nasci sem um caminho de volta é a jornada de um filho para se libertar da casa/útero da mãe. Mas também é a história íntima de um menino sobre sua homossexualidade demonizada, do corpo/casa como espaço de pertencimento, resistência e perdição, da violência soturna das relações familiares.

    Numa casa dominada pela presença feminina, construída para servir aos homens distantes e brutos, nasce o anti-herói, personagem e narrador do romance, para existir como um corpo estranho no corpo da casa.

    Em seu romance de estreia, Raimundo Neto não pede licença para tocar com mãos ásperas a pele do leitor. Sua prosa lírica, sensorial, vigorosa e simbólica é fruto de labor com a linguagem. Não há uma só palavra que não seja sentida e experimentada. Cada frase contém um mundo submerso nas entrelinhas.

    Este é um romance que pode ser lido em voz alta, tanto pelo apuro rítmico e melódico de sua escrita quanto pelo o que nele existe de corpos e gritos reprimidos. A casa é personagem fundamental e nela há secura e umidade, dor e gozo, chão e teto, território vasto e devastado. Há uma ruína que paira sobre o livro e que é a sua força poética: a casa é o corpo de tudo e de todos. Sintoma, doença e cura.

    Raimundo Neto chega ao romance em grande estilo.

    Um livro que não termina tão cedo dentro da gente.

    Marcelo Maluf

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  • Todo esse amor que inventamos para nós

    Neste volume de contos as vozes são muitas e uma só. Construído numa linguagem poética, é na vida prosaica que os personagens circulam como diante de nossos olhos. Encarnados, pulsantes, naturezas que não cabem nos nomes que recebem. No universo onde a homossexualidade é castrada e violentada, as narrativas encaminham nossa leitura para o interior de necessidades e desejos que raramente são tão bem iluminados. Conduzem o leitor ao interior dos personagens para ouvir “aquele som de caverna esvaziada, inexplorada, e fogueira apagada há milênios”. Os personagens procuram costurar a própria identidade. Costuram o que foi rasgado, rompido, interrompido. Querem ser chamados pelo nome. Mas o nome não nomeia. O trauma prende seus protagonistas ao presente, “o tempo é questão de ferida”, tornando-se insuportável. Neste potente livro o que é limite torna-se limiar, a ferida está sempre prestes a aumentar. A obra investiga a casa como um corpo, o corpo da mãe e o corpo do mundo, o quanto esse corpo é vivo e abrigo, e o quanto ele é a câmara que precede o desfazimento. “Como é que escapa de uma mulher todo esse amor que inventamos para nós na casa?”.

    Andréa Del Fuego

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