María Fernanda Ampuero

María Fernanda Ampuero (Equador, 1976) escreve narrativa de ficção e de não-ficção. Possui trabalhos publicados em inglês, francês, chinês, dinamarquês, alemão, português e italiano. Seu último livro, Pelea de Gallos (Páginas de Espuma, Madrid, 2018), foi um dos dez livros do ano do The New York Times en Español e já foi traduzido para vários idiomas. É uma das escritoras latinoamericanas mais importantes dos últimos anos, de acordo com a revista Gatopardo. Pelea de Gallos recebeu o prêmio Joaquín Gallegos Lara 2018 como melhor livro de contos do ano. Em 2012, foi selecionada como uma das 100 latinos mais influentes da Espanha, país em que vive desde 2005.

  • Sacrifícios Humanos

    De certa maneira, cada um de nós pode ser o demônio do outro. Podemos acabar sendo o sacrifício humano do outro. Neste livro, o leitor ou a leitora passará a compreender a atmosfera que ronda a literatura de María Fernanda Ampuero, uma voz imprescindível da literatura latino-americana contemporânea. A podridão, a hostilidade e a violência marcam as nossas vidas, assim como a das diversas personagens de Sacrifícios Humanos.

    Em nosso mundo, as bestas são os próprios humanos que se põem a aterrorizar uns aos outros, evidenciando as desigualdades, o desprezo que mantemos por nós mesmos e a violência que instauramos como um ato cotidiano.

    Aqui, os sacrifícios dos marginalizados fazem com que o ódio, o silêncio e a morte daqueles que cultuam um altar sejam vistos como uma vitória. A dor e a imensidão do vazio humano que lemos e ‘ouvimos’ acabam por nos empurrar de maneira magistral nos vórtices criados nas narrativas de María Fernanda Ampuero.

    Cada história que se narra pode ser considerada um grito de cada uma das vítimas desses sacrifícios humanos que acabam por marcar as nossas vidas após a leitura. É preciso, portanto, ter cuidado com os altares que estão estendidos por aí afora, e que são celebrados pela morbidez daqueles que nos desterram e assassinam.

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  • Rinha de galos

    Em Rinha de galos, seu primeiro livro de contos, a equatoriana María Fernanda Ampuero seleciona um texto do poeta argentino Fabián Casas como epígrafe para, de alguma maneira, antecipar o que virá nas páginas seguintes: “Tudo que apodrece forma uma família”. Este é um livro sobre os laços e sua brutalidade quando se rompem, quando são atravessados pela perversão; um livro sobre como o espaço familiar, que deveria ser de proteção e segurança, é, em muitos casos, o lugar no qual se concretizam as violências mais indescritíveis, aquelas que deixam cicatrizes permanentes. “À noite, galos gigantes, vampiros, devoravam minhas tripas, eu gritava, e ele vinha à minha cama e voltava a me chamar de mulherzinha”, escreve em “Leilão”, o primeiro e chocante relato, que põe em primeiro plano o corpo e sua vulnerabilidade. Nestes contos há mulheres e meninas que assistem a filmes de terror para se acostumar a lidar com monstros; salta à vista a terrível desigualdade do Equador, que se replica em toda a América Latina; a vida cotidiana é interrompida, atacada por uma violência generalizada. As relações de poder são reproduzidas no lar: talvez a crueldade seja a norma nos contos de Rinha de galos porque Ampuero a conhece e a entende, porque sua escrita tem uma íntima relação com a beleza e a violência.

    Mariana Enriquez

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