Margarita García Robayo

Nasceu em 1980, em Cartagena, de onde partiu pouco tempo depois de completar 18 anos. Desde 2004, é radicada em Buenos Aires. É autora das novelas Hasta que pase un huracán (2012), Lo que no aprendí (2013), Tiempo muerto (2017) e Educación Sexual (publicado de forma fracionada entre os números 114 e 119 da revista Piauí 2020); é autora de vários livros de contos, entre os quais se destaca Cosas peores (2016), vencedor do Prêmio Literário Casa de las Américas 2014. Colaborou com várias revistas hispano-americanas. Sua obra tem sido traduzida para o inglês, francês, português, italiano, hebreu, turco, islandês e chinês. Em 2018 e 2020, respectivamente, a Charco Press lançou no Reino Unido a coleção Fish soup e o romance Holiday heart, ambos premiados com o PEN Awards. Até que passe um furacão é o seu primeiro romance e o primeiro a ser publicado no Brasil.

  • A encomenda

    A narradora deste romance inquietante é uma mulher mergulhada em incertezas, que vive a cinco mil quilômetros de seu país natal, trabalha para uma agência de publicidade, quer obter uma bolsa para ir escrever na Holanda e mantém videochamadas periódicas com sua irmã. Em cada ângulo de sua vida estão seus medos e sua solidão, suas lembranças, seus desejos de maternidade, e o tecido muitas vezes frágil das relações familiares.

    Uma série de acontecimentos em sua vida cotidiana vão revelando as fissuras que se abrem na rotina da protagonista: o recebimento de uma enorme caixa difícil de abrir, um gato que passeia pelo prédio em que vive, os vizinhos que se ausentam e os que batem à sua porta, o filho de uma vizinha, as idas e vindas de seu namorado, um morador de rua. A encomenda é, também, uma obra sobre o poder arrasador do imprevisto – e da nossa incapacidade de ter controle sobre tudo, da fragilidade daquilo a que chamamos de ‘rotina’, que pode se estilhaçar em segundos, por mais que a gente tente protegê-la.

    Com maestria e notável economia de recursos, a colombiana Margarita García Robayo guia o leitor pelo labirinto de sua protagonista, intensa e contida a um só tempo, em uma obra repleta de vislumbres mais do que de certezas, que reafirma a autora como uma das vozes mais impactantes da atual narrativa latino-americana.

    Marco Severo

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  • Coisas piores

    Em sete breves relatos, Margarita García Robayo demonstra sua habilidade para mostrar o lado mais difícil das coisas.

    Seus personagens, expostos em sua complexa humanidade, lutam desesperadamente em um mundo no qual simplesmente não se encaixam. Uma mulher que tenta colocar ordem em sua nova vida de enferma; um homem preso em um enorme hotel; as incertezas de um casal frente a seu filho obeso; uma reunião de família desconcertante; a morbidez, a falta de comunicação e o desencontro são alguns dos temas em torno dos quais giram estes relatos inquietantes.

    A escrita rápida e o humor, às vezes brutal e às vezes compassivo, desta jovem escritora são, como na boa literatura, ferramentas poderosas para explorar e confrontar o leitor com as pequenas e grandes misérias da vida cotidiana.

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  • Até que passe um furacão

    As praias do Caribe são destinos cobiçados pelos turistas, mas quando se observa do ponto de vista de seus habitantes, a história muda de figura. A pobreza, o descaso e o baixo (ou nulo) investimento em infraestrutura para os moradores locais faz com que estes só queiram uma coisa: melhorar de vida. E a melhora que têm em vista é o também cobiçado “sonho americano”.

    Em Até que passe um furacão, a protagonista está disposta a fazer de tudo para se desvencilhar da terra onde nasceu, da lama que invade os bairros da cidade onde vive, para ter a vida que imagina merecer fora de seu país. Encontra no trabalho de comissária de bordo uma rota de fuga, mas sabe que também é preciso utilizar outros meios para alcançar o desejado, meios que aprendeu desde cedo, em uma inocência roubada.

    Com uma narrativa sucinta e direta, Margarita García Robayo nos emerge na vida dessa menina que vira mulher enquanto corre atrás de um sonho que se revela utópico. O tédio da espera se alterna com vivências violadas, abandono e a sensação de não pertencimento.

    Até que passe um furacão revisita de modo peculiar temas como o desejo, a insatisfação, o abuso, a solidão e a violência que, de tão constante, já se torna banal.

    Aline Teixeira

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