Margarida Vale de Gato

Margarida Vale de Gato traduz, escreve, e é professora auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Traduziu Henri Michaux, Nathalie Sarraute, Yeats, Marianne Moore, Jack Kerouac, Sharon Olds, Louise Glück, entre outros. Doutorou-se em 2008 com uma tese sobre a recepção de Edgar Allan Poe na lírica portuguesa da segunda metade do século XIX. Tem publicado ensaios dentro das suas áreas de especialidade como Translated Poe e Anthologizing Poe (co-organização com Emron Esplin, 2014 e 2020). Na sua obra literária, contam-se os livros de poesia Lançamento (2016), a peça de teatro Desligar e Voltar a Ligar (com Rui Costa, 2011), e Mulher ao Mar. Este último é um projeto poético com atualizações periódicas (Mulher ao Mar Retorna em 2013 e Mulher ao Mar e Grinalda em 2018) e ramificações: Mulher ao Mar Brasil é uma nova seleção com inéditos e uma nova ordem para a edição brasileira.

Foto por Nuno Henriques
  • Mulher ao Mar Brasil

    Nesta Mulher ao Mar, o novo irrompe. Irrompe exactamente do rasgão que produz no arcaico. É o recém-nascido que matou na exsanguinação do parto a mãe, mas que não se liberta dos seus genes. Ao longo dele, vamos deparando com espartilhos formais, glosas, sonetos. Com pesadas palavras já não ditas, anelo, cenho, cilício, tersas. Estas convivem com um léxico da vulgaridade, a que não falta mesmo a F-word, com um léxico da domesticidade, com fortes marcadores da escrita pós-moderna, com emblemas do lirismo – “como lira a estridência dos nossos corpos de sombrias raparigas” –, com certas importações de dicionários específicos: petéquias, película sobre-exposta, parafina. Com o mundo dos chats, os links e a sonda a Mercúrio. Se o léxico de Cesário ainda surpreende, preparem-se para a surpresa estes leitores.

    Hélia Correia

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