Grazia Deledda

Grazia Maria Cosima Deledda nasceu na cidade de Nuoro, na Sardenha, Itália, em 27 de setembro de 1871 e morreu em Roma, no dia 15 de agosto de 1936. Ela foi uma das mais importantes expressões literárias da Itália entre os séculos XIX e XX, a primeira (e, até o momento, a única) mulher italiana a ganhar o prêmio Nobel de Literatura, em 1926. Deledda deixou uma obra grandiosa: 32 romances, 250 contos e outras obras. Entre os seus escritos mais conhecidos estão os romances Juncos ao vento, Cinzas e Cosima.

  • Elias Portolu

    Considerado pelo importante crítico literário italiano Attilio Momigliano “(…) o livro de mais alta densidade moral escrito na Itália depois de Os Noivos (I Promessi Sposi)”, Elias Portolu pode ser considerado um dos mais importantes romances de Grazia Deledda. A afirmação do crítico pode soar enigmática ao leitor contemporâneo, mas ela é uma prova da importância de Deledda como escritora, uma vez que o crítico compara o seu livro com o de Alessandro Manzoni, fundador do romance moderno italiano. A “densidade moral” à qual se refere Momigliano pode estar relacionada ao fato de que I Promessi Sposi foi o primeiro romance italiano que teve a sua força embasada na ação e na ética de personagens pobres, que estavam à margem da sociedade de seu tempo e, é precisamente na narrativa da uma história que envolve personagens populares que reside uma das principais forças deste romance de Grazia Deledda.

    Publicado em 1903 em Milão, Elias Portolu representou, de diversas formas, um marco na carreira de Grazia Deledda. Podemos falar, pelo menos, de dois principais marcos: a questão temática e a questão  da maturação da grande escritora. No que tange à questão temática, o livro trata da relação entre cunhados. Algo que à época era considerado incesto. Elias Portolu se apaixona perdidamente pela mulher de seu irmão. Depois de ter consumado o seu desejo, os personagens centrais têm de lidar com as consequências de seus atos é a aqui que o romance ganha densidade. Descrevendo uma paisagem ainda extremamente influenciada pela força do cristianismo católico, Deledda mostra como almas humanas entram em  conflito entre aquilo que desejam e o que deles exige o mundo social.

    A atmosfera do romance é  construída a partir de uma mítica Sardenha, de onde Deledda tira as raízes de sua escrita. Em Elias Portolu a paisagem descrita adquire uma conotação primitiva e mágica. E não será a primeira vez que Deledda fará da natureza um de seus principais personagens. Como em outros romances de Deledda, a natureza possui uma força tal que traça sem precedentes os caminhos dos seres humanos e parece conduzir as suas escolhas.

    Depois de ter viabilizado a publicação da tradução de A Cidade do Vento em 2019, a Editora Moinhos busca agora trazer para o público brasileiro esta outra obra da grande escritora italiana, e contribuir para que ela seja mais conhecida entre os leitores brasileiros.

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  • A cidade do vento

    Publicado em 1931, este romance traz traços marcantes da biografia de Grazia Deledda em uma narrativa que leva o leitor para a sua intimidade, o eu lírico/narradora de A cidade do vento descreve a sua relação com Gabriel, um amor de sua juventude, que desaparece para retornar à sua vida, para o seu tormento, poucos dias após o seu matrimônio com outro homem. Em um jogo de tensões precisamente calculado, passado e presente se entrelaçam diante do olhar do(a) leitor(a) e dão forma à trama arquitetada por Deledda.

    Neste romance, a natureza é um de seus principais personagens. O vento, que está no título do livro, é uma de suas forças motrizes: é ele que movimenta e rege a vida das pessoas da inominável cidade italiana onde se passa a trama. O vento pode ser lido como uma metáfora do destino, mas também como a força que rege os ciclos da vida. É para a cidade do vento que a personagem /narradora se muda, logo após o seu casamento e é lá que ela se encontra com um pedaço inconcluso de seu passado com o qual, agora, deve se defrontar. Se considerarmos que vida e literatura são elementos indissociáveis, podemos ponderar que, ao escrever A cidade do vento, Deledda, com a maturidade de seus sessenta anos, pôde voltar os olhos para o passado de forma mais livre, e assim, trazer aos seus leitores uma narrativa única de uma experiência que será sempre universal: a dos amores (muitas vezes inacabados) que carregamos conosco ao longo da existência.

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