Ao narrar os passos de Victoria Baruq, a autora põe em foco a vida dos islenhos conhecidos como raizais, povo oriundo de uma miscelânea de etnias, do arquipélago e do continente, que acabaram por criar uma identidade própria, ao mesmo tempo em que não se sentem pertencentes a lugar algum, não se consideram provenientes de uma origem única. É a busca por tal origem que move os caminhos trilhados pela protagonista que, com o sentimento de não-pertença, deixa sua terra-mãe em busca de novos rumos, mas não escapa do magnetismo do seu berço.
Em meio a encontros e desencontros, achados e perdidos, o holofote é direcionado a outro ponto importante para a ilha caribenha que, com o passar do tempo, vê a chegada dos avanços da modernidade e a oportunidade no ramo do turismo. O que muito tem de promissor, pouco tem de retorno ao se deparar com a negligência do Estado para com os habitantes da ilha, a falta de infraestrutura para os residentes contrasta com o que é oferecido aos turistas. O choque de realidade decorrente da globalização não foge aos olhos da personagem do livro, assim como escancara a ferida da exploração encoberta pelos folhetos e fotos de belas praias.
Apesar de carregar o peso de uma nação, Bendek alivia o fardo com sua escrita que traz os elementos críticos da crônica e a leveza da poesia. A busca pela identidade através do resgate genealógico é o retrato de muitos filhos de uma terra a qual se sentem tão íntimos e, ainda assim, tão distantes. Essa característica, além de laurear a autora sanandresana, coloca o arquipélago em destaque na literatura nacional colombiana.
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