Algumas pessoas nasceram para o amor, outras para desafiá-lo. Algumas flutuam e transbordam sem limites; outras represam. De uma forma ou de outra, o amor nos incita a pular de seu topo e esse mergulho é uma questão de arbítrio, assim como pousar, para permanecer ou simplesmente partir. Tudo é um risco, pois o pouso sucede o voo e precede a queda, ou seja, o amor e sua insurgência é êxtase no auge de seus delírios e dor em seu letal abandono. Os poemas desse Pouso, segundo livro de Ágnes Souza, flertam e criam um diálogo epistolar com a ausência, em um mundo fora de órbita, que nos convida a imergir no emaranhado do fluxo de consciência da persona que ama. Nos faz perder a noção de profundidade desse sentimento que passeia pelos cômodos, pela memória, pelo corpo, pela cidade, pelo cotidiano; que se derrama pelo livro, nos deixa vulneráveis e nos afeta com a força, serena e intensa, de sua correnteza. Como disse a autora, “amar é criar intimidade com a queda” e se eu fosse você, eu não teria medo do pouso nem de dar com a cabeça no amor.
Luna Vitrolira
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