“Como e porque sou romancista” é um texto de um período atribulado de sua existência literária. Escrito em 1873 em forma de carta, ele só foi publicado postumamente pelo seu filho, Mário de Alencar, em 1893. Embora o título sugira, e o próprio autor o defina como uma “autobiografia literária”, o texto não deixa de apresentar certos posicionamentos com respeito aos dilemas enfrentados por Alencar em todas as esferas de sua vida pública. Pode-se dizer que “Como e porque sou romancista” é o testemunho contundente de um homem de letras de seu tempo, ponderando sobre as condições específicas de produção intelectual no Brasil da segunda metade do século XIX. Narrar o processo de formação do escritor desde a instrução elementar, passando pelas bancadas acadêmicas de São Paulo e Olinda, até a consagração como um dos mais importantes autores do catálogo da editora Garnier, permitiu a Alencar destacar aspectos que vão além de suas próprias circunstâncias individuais, possibilitando uma compreensão mais ampla do processo formativo em âmbito nacional.
Marcus Vinicius Soares Nogueira, Professor de Literatura Brasileira na UERJ.
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