Demetrios Galvão - Editora Moinhos

Demetrios Galvão

demetrios galvão, nasceu e vive na cidade de teresina/pi. é poeta, editor e professor. autor dos livros de poemas fractais semióticos (2005), insólito (2011), bifurcações (2014), o avesso da lâmpada (2017) e do objeto poético capsular (2015). participou do coletivo poético academia onírica e foi um dos editores do blog poesia tarja preta (2010-2012) e da ao-revista (2011-2012). edita a revista acrobata.

  • reabitar

    Este reabitar de primorosa poesia oferece poemas reinando em contínua corrente, onde imagens e mensagens tendem a fundir-se umas nas outras, num fluxo de pensamento cujo leito salta da página para atingir a mente do leitor. É um livro prenhe de dizeres que nos remetem para outras descobertas – para outros caminhos, num sucedâneo de linguagens poéticas. Ele diz dos invisíveis enraizados em escombros e, em alumbramentos, irrompe a luz para além da matéria como quem roga um interlúdio, um sono talvez, para o cansaço do que há na realidade.

    Nesse campo, clareira de imagens e orações milagreiras cultivadas pela linguagem poética de um reabitar, fazemos um percurso de visão e escuta e ao “reabitar a casca corpórea do pensamento”, nos sobressaltamos com os sentidos aflorados de quem após ouvir a “oração dos mortos”, ainda pode ouvir a “natureza sussurrar um vento pacífico” e pousar “os olhos em nascentes”. É nesse campo imaginário do poeta – possivelmente, “um lugar que deus nem conheça” – vasto de clarividentes esperanças a desafiar a morte e, de generosas e acolhedoras sombras de uma possível felicidade, que o leitor sente-se (co)movido a conhecer.

    Wanda Monteiro

    Adicionar ao carrinho
    reabitar
  • O avesso da lâmpada

    O avesso da lâmpada trata de uma reafirmação, sempre ampliada, de uma poética que já está lá, nos livros anteriores, e segue em sua sempre “nova geografia de ideias”, na qual o sonho e a visão imagética são matéria-prima, mas não só. Ainda que as imagens (oníricas, tão caras aos surrealistas) prevaleçam nos poemas mais prosaicos, é visível também uma preocupação formal com a concisão, o que o distancia (ainda que o diálogo com a tradição permaneça) daquele movimento e o distingue pela construção de uma linguagem própria e uma sintaxe singular, sabendo tratar-se de um trabalho árduo, esse da “arte com espinhos”.

    A temática dialoga com o aqui e o agora, desde o punk rock (The Clash), passando pelo inevitável tema metalinguístico (“as palavras têm febre” ou “cultivo um sincretismo modulado”), culminando com a surpreendente série de 30 poemas “cidade rabiscada”, que devo confessar, foram os que mais me tocaram.

    A poesia (e eu diria toda a literatura) chamada moderna (e quando digo moderna vou até Baudelaire) não escapou nem escapa do conflito travado entre o poeta e a complexidade urbana e humana da “cidade Frankenstein”, que (“entorpecidos de vertigens”) habitamos, aquela que esconde poemas e que é escondida por eles.

    Inevitável não adentrar a esse “mapa devastado” e sua ondeante geografia (a de todos os sentidos). Senti aqui um poeta seguro de suas escolhas e sem medo de revelar (vide as epígrafes) os diálogos literários travados nessa trajetória. Se, como diz o poeta, “a poesia é a arte do encontro”, este encontro com a obra de Demetrios Galvão muito me acrescenta e ao desejável diálogo entre poetas e poesia

    Dalila Teles Veras

    Adicionar ao carrinho
    o avesso da lâmpada