Alejandra Costamagna

Alejandra Costamagna (Chile, 1970) é jornalista e doutora em literatura. Publicou os romances En voz baja (1996), Ciudadano en retiro (1998), Cansado ya del sol (2002) e Dile que no estoy (2007); os livros de contos Malas noches (2000), Últimos fuegos (2005), Animales domésticos (2011) e Había una vez un pájaro (2013); bem como as crônicas de Cruce de peatones (2012). Em 2003, obteve uma bolsa de estudos do International Writing Program da Universidade de Iowa, Estados Unidos. Sua obra foi traduzida ao italiano, francês e coreano. Na Alemanha, recebeu o Prêmio Literário Anna Seghers de melhor autor latino-americano de 2008.

  • Impossível sair da Terra

    Os dez contos e a nouvelle aqui reunidos são Alejandra Costamagna em estado puro. Ou seja: uma autora com pleno e total domínio da melhor técnica narrativa, com olhos de pescador atento diante da vida, suas contradições e surpresas. E, claro, atentos para os desastres do amor. Já com seu primeiro livro, o romance En voz baja, de 1996 – quando ela tinha 26 anos – Alejandra Costamagna chamou, e muito, a atenção da crítica e mereceu elogios de seu conterrâneo Roberto Bolaño. Quatro anos depois publicou Malas noches, seu primeiro livro de contos. E daí em diante foi precisa e principalmente no relato curto que passou a mostrar sua sólida maestria no ofício de escrever. Seus romances são igualmente elevados, elevadíssimos. Mas é nos contos que se supera.

    A concisão e a tensão do texto breve foram o caminho natural de Alejandra. Tanto é assim que ela reescreveu, cortando e cortando e revirando tudo, seu livro de estreia. Rebatizado para Había una vez un pájaro, e acompanhado de outros dois contos, apareceu em 2013. Foi minha primeira leitura da sua escrita, e até hoje lembro claramente a intensidade do impacto.

    Conheci Alejandra em Havana, no começo de fevereiro de 2014, quando participamos do júri do prêmio Casa de las Américas. Entre outras tantas coisas, me contou que tinha um gato e que havia frequentado uma oficina literária de meu bom amigo Antonio Skármeta. Conheci o que ela escreve logo depois. E nunca mais deixei de ler, e me alegra, e tanto, que ela agora chegue ao Brasil.

    É, de longe, um dos principais e mais fulgurantes destaques da atualidade na América Hispânica. E este Impossível sair da Terra é a melhor prova do que digo.

    Eric Nepumocemo, autor, jornalista e tradutor brasileiro.

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  • Sistema do tato

    Um pequeno romance sobre os abismos entre familiares próximos e países vizinhos: as pontes que não construímos, os mal entendidos que vemos serem nutridos aos poucos, as memórias criadas, sublimadas ou dominadas pelas impressões. E aqueles reiterados silêncios. Como lembra Eduardo Halfon, “Hacer literatura es el arte de manipular el recuerdo” (Biblioteca Bizarra).

    Ania, filha única e órfã de mãe desde que era bem pequena, já não tão jovem e há muito deslocada na família, na profissão e nos relacionamentos, aceita representar seu pai e assistir um primo moribundo no interior da Argentina, onde costumava passar os verões de sua infância. Uma visita burocrática, um favor feito a contragosto que a coloca em uma espiral febril de lembranças e pertencimento, entremeados por fotos antigas, citações de leituras, documentos oficiais e exercícios de datilografia.

    Ao presenciar o enterro do primo, Ania revive sentimentos e histórias, nacionais e pessoais, suas e de seus familiares, repressões paternas e governamentais, insucessos transmitidos de geração a geração, resgates impossíveis e entendimentos desnecessariamente adiados.

    Bastará uma temporada para resgatar um pai, uma origem e remendar toda uma vida posterior?

    Silvia Naschenveng

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