O livro do professor Carlos Alberto de Souza propõe uma analogia de extrema pertinência crítica e de forte intensidade hermenêutica. Será realmente possível encontrar pontos de contato entre Elio Vittorini e João Cabral de Melo Neto? Este estudo consegue, brilhantemente, traçar o perfil de dois artistas capazes de fazer da pobreza a premissa para o mais nobre poema e, contemporaneamente, revelar por trás das sugestões do mais enxuto entusiasmo lírico a dureza da miséria, a sua impetuosa desumanidade. Surpreende, na verdade, como Carlos Alberto de Souza consegue restituir a verdade ao especial pacto literário que estreita conjuntamente poesia, romance e paixão civil, mostrando o pulsar de uma beleza que ultrajada, sem complacência do – e no – sofrimento. A contida e dilacerada poética dos dois escritores, objeto deste livro, é muito mais que uma simples questão de estilo. Elio Vittorini e João Cabral de Melo Neto fazem do Nordeste brasileiro e do Sul da Itália o símbolo de uma chaga, que é individual, histórica, e, por isso, universal.
Yuri Brunello
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